quarta-feira, 14 de julho de 2010


Ela acabara de acordar, eram 10:20 da manhã, se quer vira a noite passar.
O acordar pra ela nos últimos tempos era uma tarefa árdua, pois era sempre seguido das lembranças do que ela fizera antes de adormecer. Pensava nele, se culpava, se entupia de remédios e então, dormia. Era sempre assim desde que ele resolvera ir embora.
Depois que ele se fora, ela não sabia o que era mais difícil, se dormir e ser presenteada com flashbacks de sua partida, ou acordar ainda sentindo seu cheiro nos lençois. Com o tempo suas insonias e pesadelos foram resolvidos com altas doses de uns remedinhos receitados por suas amigas. O cheiro dele, com várias lavagens já havia ido parar no esgoto. Mas as lembranças... ah, essas insistiam em ficar.

Esquecê-lo parecia impossível. Não era apenas esquecer o homem lindo, gentil, generoso, porque esse poderia ser substituído facilmente. O mais difícil era esquecer todos aqueles momentos que haviam passado juntos. Foram 4 anos intensos de convivência, que para ela foram indescrítiveis. Para ele, nem tanto. Isso era o que ainda doía. Não era sua partida, não eram os motivos que ele havia alegado. Era não saber por quanto tempo estava ótimo para ela e não estava para ele. Era não saber por quanto tempo ficou cega deixando o seu amor acumular mágoas. Fora egoísta? Ela se sentia tão culpada.
Não alimentava mais um desejo de volta. Sabia que dessa vez era mesmo o fim. Talvez nem o amasse tanto mais, mas a dor de saber que não fora boa o suficiente a prendia no mesmo lugar pelo medo de machucar mais alguém. Ela sofria agora tudo o que não havia sofrido enquanto o tinha ao seu lado.
Há meses que ela não fazia nada direito. Apenas acordava, levantava-se a muito custo, ia trabalhar, voltava para casa e mergulhava na sua inércia. Não tinha mais ânimo para fazer nada além disso. Ele levara sua paz e sua perspectiva de ser boa para um outro alguém. E sozinha ela não conseguia mais suportar.
"Mas foi minha culpa.."

Então tomava remédios, e adormecia.

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