domingo, 18 de julho de 2010


Mais uma vez nos encontramos ali, onde tantos momentos bons aconteceram, onde um dia fomos felizes.
Estávamos separados por uma barreira que ninguém podia ver, mas todos podiam sentir. Barreira esta, que nos impedia de ter uma conversa franca, ou sequer de nos sentir a vontade na presença do outro. Quando foi que a colocamos entre nós?

Sentada naquele canto da mesa eu te observava distante, e quase que instantaneamente recolhi-me ao meu mundo tão confuso de perguntas sem respostas. Onde foi que nos perdemos? Teria sido diferente se eu não tivesse ido embora? Para melhor ou pior? Os meus questionamentos não respondidos talvez fossem os mesmos que você se fazia sentado tão longe de mim. E como eu, talvez não conseguisse respondê-los. Juntos até poderia existir uma chance para achar essa resposta que nos foge, mas eu sinceramente não alimento mais mais esperanças de que um dia possamos voltar a ser sinceros o suficiente um com o outro para achá-las, porque eu cansei de prever situações com você e me frustrar a cada tentativa.
Sabíamos que não seria dessa vez que tudo voltaria ao normal apesar daquele lugar tão familiar a nós dois. Talvez isso nunca viesse a acontecer. Apagar cicatrizes é muito mais trabalhoso do que causá-las, ainda mais para nós que temos feridas ainda abertas. Não há remédio, ou tratamento, apenas o tempo.
Hoje o silêncio se abatia tão sólido quanto a nossa barreira, que eu podia perceber: fora construída tijolo a tijolo por nós dois. A solução pairava clara para mim agora, deveríamos tirar um o tijolo do outro, pois não havia forma melhor de demonstrar que tudo já fora superado.
Um dia poderíamos tentar fazer isso, por enquanto...

Eu tinha apenas uma pergunta respondida.

quarta-feira, 14 de julho de 2010


Ela acabara de acordar, eram 10:20 da manhã, se quer vira a noite passar.
O acordar pra ela nos últimos tempos era uma tarefa árdua, pois era sempre seguido das lembranças do que ela fizera antes de adormecer. Pensava nele, se culpava, se entupia de remédios e então, dormia. Era sempre assim desde que ele resolvera ir embora.
Depois que ele se fora, ela não sabia o que era mais difícil, se dormir e ser presenteada com flashbacks de sua partida, ou acordar ainda sentindo seu cheiro nos lençois. Com o tempo suas insonias e pesadelos foram resolvidos com altas doses de uns remedinhos receitados por suas amigas. O cheiro dele, com várias lavagens já havia ido parar no esgoto. Mas as lembranças... ah, essas insistiam em ficar.

Esquecê-lo parecia impossível. Não era apenas esquecer o homem lindo, gentil, generoso, porque esse poderia ser substituído facilmente. O mais difícil era esquecer todos aqueles momentos que haviam passado juntos. Foram 4 anos intensos de convivência, que para ela foram indescrítiveis. Para ele, nem tanto. Isso era o que ainda doía. Não era sua partida, não eram os motivos que ele havia alegado. Era não saber por quanto tempo estava ótimo para ela e não estava para ele. Era não saber por quanto tempo ficou cega deixando o seu amor acumular mágoas. Fora egoísta? Ela se sentia tão culpada.
Não alimentava mais um desejo de volta. Sabia que dessa vez era mesmo o fim. Talvez nem o amasse tanto mais, mas a dor de saber que não fora boa o suficiente a prendia no mesmo lugar pelo medo de machucar mais alguém. Ela sofria agora tudo o que não havia sofrido enquanto o tinha ao seu lado.
Há meses que ela não fazia nada direito. Apenas acordava, levantava-se a muito custo, ia trabalhar, voltava para casa e mergulhava na sua inércia. Não tinha mais ânimo para fazer nada além disso. Ele levara sua paz e sua perspectiva de ser boa para um outro alguém. E sozinha ela não conseguia mais suportar.
"Mas foi minha culpa.."

Então tomava remédios, e adormecia.