sábado, 15 de maio de 2010


Sobre números


Perdoem-me os que gostam dos números, um dia eu também já os gostei. Já fiz uma prova de matemática sorrindo, como minhas amigas dizem. Bons tempos em que apenas assistindo às aulas eu estava pronta para encarar qualquer prova, e ainda ensinava aos que não entendiam. Bons tempos.

Envolvida por um sonho antigo, resolvi levar a frente o meu envolvimento numérico. Que erro! Entre o mundo real e imaginário eu me vejo perdida diante de raízes, matrizes, equações, limites, assíntotas, ordenadas, abscissas, derivadas, funções, e tantas outras coisas que eu poderia passar o dia listando. E lamentando.

Chego então à conclusão que sonhos se aplicam de maneiras diferentes às fases da vida. A relação agradável que um dia eu tive com números não existe mais, como o sonho então poderia permanecer? Não permanece. Ele se esvaiu assim como a garota que sonhava. Que na confusão dos números, descobriu a si mesma, e viu que sua personalidade é que era uma variável. E ao deduzir essa equação notou que ciência tão exata não combinava mais com ela.
Escuto gritos desesperados clamam por mudança. Escuto um choro que não pára. Escuto um lamento que cada vez vai ficando mais alto. Os números que um dia me confortaram, hoje me causam desespero. E por mais que eu tente calá-los, eles me incomodam um pouco mais a cada dia. Estamos travando uma batalha.

Mas já não tenho tanta força. Até o meu orgulho está fraquejando. A ideia de desistir da luta parece a melhor opção a cada instante.
Apesar de tudo, não sei ainda pra onde ir quando a guerra acabar.



(Um muito obrigada a todos os idiotas que ao invés de curtir a vida resolveram estudar matemática; que ao invés de ter seu nome eternizado por um bem a sociedade, preferiram ver seu nome numa fórmula.)



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