terça-feira, 19 de janeiro de 2010



Eu nunca fui muito de deixar me levar pela opinião dos outros. As pessoas sempre pareceram estar muito satisfeitas em semear a discórdia, em plantar aquela sementinha de desconfiança. Mas agora a situação estava diferente. Havia alguma coisa errada. Jonh nunca fora de dar muitas explicações, e ultimamente era o que ele mais fazia. Por um lado isso até pode se bom, mas não para mim, que estava acostumada com aquele seu jeito rude de poucas palavras. Soavam mais verdadeiras. Nos últimos tempos, me dava justificativas até para o que eu não perguntava. Sem sombra de dúvidas, aquele não era o meu namorado.
Como eu não conseguia responder a todas as dúvidas que me surgiam a cada vez que uma chuva de informações me inundava, fui obrigada a recorrer a algumas amigas. De início elas estranharam, eu nunca chegava para pedir conselhos. Eu sempre fora muito bem resolvida. Mas ao escutar o problema elas logo vestiram aquela fantasia de super conselheiras e desataram a me dar possíveis motivos. Traição foi o mais ressaltado. Mais uma vez, me arrependi de ter falado com elas. Nunca saía nada de bom, era sempre a coisa mais trágica. E, haha, nunca que o Jonh me trairia. Ele podia ter todos os defeitos do mundo, mas traição era a última coisa que eu podia esperar. Ao modo dele, não me faltava carinho. E sinceramente, virar um tagarela não era sinal de que tinha outra mulher na jogada. Trágicas, era o que minhas amigas eram.
Apesar de ter decidido esquecer aqueles conselhos, sempre que o Jonh recomeçava seu monólogo, eles brilhavam na minha frente. Passava mais tempo pensando neles, do que realmente prestando atenção na conversa. "Será que eu deveria armar um flagra? Investigá-lo? E se não fosse nada, com que cara eu ia ficar?"
Deixei a desconfiança de lado. Ele já começara a perceber o quão dispersa eu andava. Estava até melhor assim, o diálogo passara a fluir.
Nosso aniversário de namoro estava perto, estávamos super empolgados com a data. Nos encontraríamos depois da aula, para passar o dia juntos. No dia, eu estava sem clima pra aula, então resolvi fazer uma surpresa. Ia fica no quarto dele esperando-o chegar. Por coincidência, subi no elevador com a mãe dele. Falei dos meus planos, ela nem se importou, fazia muito gosto no nosso namoro. Entramos. Fui direto para o quarto dele. Estranhei a porta fechada, abri.

Choque.

Eu podia ver com meus próprios olhos tudo o que pra mim não passava de conspiração. Aqueles corpos nus, os olhares assustados, a pressa para se vestir, explicações vãs. Eu não tinha nada para ouvir, nem daquele idiota, nem daquela... KATE?! Não bastasse meu namorado me trair, tinha que ser com a minha amiga? Eu não podia suportar, segurei uma lágrima que insistia em descer. Ele não merecia. Ela não merecia. Destruí o presente na sua frente, joguei a aliança em cima daquela cama nojenta, consegui dizer apenas um "Suma da minha vida", e fui embora.
Desnorteada pelo caminho, eu só conseguia rever aquela cena. Eu nunca os perdoaria. Cheguei ao meu quarto. Chorei tudo o que eu tinha segurado naquela hora. Passei alguns dias com uma tristeza infinita. Mas as lágrimas levaram consigo boa parte da minha dor. Então eu percebi que a lembrança nem me machucava mais. Eu podia ver vida além dele. Não sei explicar de onde veio toda essa força, eu não podia dizer que tudo que eu passei com ele foi tempo perdido, houve momentos felizes. E ele decidiu acabar com isso. Então dane-se, agora eu me enxergava. Eu era grande, forte, inteligente, bonita. Muito mais do que o Jonh merecia. E ele, que pensou que estava me passando para trás me fez um favor enorme.

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