domingo, 17 de janeiro de 2010




Era um reencontro. Não havia motivo para tanta ansiedade, nem para todas aquelas noites sem dormir, mas quem controla isso? O fato é que ele dissera que estava com saudades, e isso era algo no mínimo inesperado. Depois de tantos desentendimentos, novas mulheres e tempo passado, uma simples menção de "saudade" soava como contradição. Estranho ou não, isso a alegrava. Ela, que nunca tinha conseguido esquecê-lo, que sonhou tantas vezes com a sua volta, sentia-se em êxtase com aquela mudança. Podia ser apenas um 'olá, como vai?', tinha consciência disto, ele não lhe dera esperanças de nada; de qualquer forma, seu coração se descontrolava a cada vez que ela pensava em encontrá-lo outra vez.
Enfim chegou o dia. Após desistir de suas vãs tentativas de dormir, ela levantou e foi ver algumas fotos. Elas estavam ali ainda, transbordando sentimentos, com declarações no verso. Tudo parecia exatamente como na primeira vez: a dúvida, a vontade. As mágoas já tinham se esvaído quando ela se convenceu de que não era possível deixá-lo para trás como ele a havia deixado, ou pelo menos, parecia ter deixado. Estava claro ali que nem tudo fora jogado fora, a falta era o primeiro sinal de que algo sobrevivera.
As horas se arrastavam, ela já estava pronta há séculos, sempre retocando alguma coisa que julgava fora do lugar. “7 horas”, ele tinha dito. O que custava chegar 5 minutos mais cedo? Impaciência.
Enfim, 7:00: Onde ele estaria?
7:05: Ele esquecera?
7:10: Ele nunca foi pontual mesmo...
7:15: Ele não vem.

7:18: A campainha!

Correu, respirou fundo, se recompôs. Ao abrir a porta, ali estava ele: Lindo, com um sorriso no rosto e flores nas mãos. Era como um déjà vu. O tempo não havia passado, eles se olhavam intensamente. Havia desejo, carência, e amor. O amor que nunca deveria ter sido adormecido. Agora ele despertava, avassalador como era. Ele entrou, nada disse, colocou as flores num vaso, ainda sabia onde ficava tudo por ali.
Não havia o que dizer, palavras só quebrariam a magia daquele momento. Como num filme, ele se aproximou. Seus lábios estavam a centímetros de distância. "Me perdoe, eu te amo!"

Ela não precisava escutar mais nada, beijou-o com a certeza de que finalmente aqueles tempos sombrios haviam chegado ao fim.

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